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sábado, julho 27, 2024
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Paranaense tem curta-metragem indicado ao Festival de Veneza

Felipe Hareulhuk esteve na cidade italiana para apresentar o filme 'Finalmente Eu'

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Ao bater os olhos no filme Titanic, ele escolheu seu destino profissional: só não tinha se dado conta disso. Felipe Hareulhuk nasceu em Curitiba e se tornou amante do cinema na década de 1990, quando assistiu ao filme dirigido por James Cameron. Agora, Felipe é produtor cinematográfico, e tem no currículo uma obra que vale destaque não só no Brasil, como também na Itália.

O curitibano foi um dos produtores do curta-metragem Finalmente Eu, obra feita e veiculada integralmente em realidade virtual. Além disso, o curta foi indicado ao Festival de Cinema de Veneza, premiação renomada que está em vigor desde 1932.

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Com experiência imersiva, o curta retrata a trajetória de autodescoberta de seu Saul, um ex-músico de bordel que passou por rejeição e vergonha durante a vida, mas vivencia liberdade ao longo da história. A reportagem do Foca Livre conversou com Felipe sobre a satisfação de concluir a obra, bem como a indicação ao Leão de Ouro.

JC: Qual foi o maior desafio durante a produção do curta-metragem Finalmente Eu?
FH: Eu acho que foram dois grandes desafios, e o primeiro é recurso. Acesso a financiamento, a orçamento. De uma forma geral, têm dificuldades em conseguir financiar produções audiovisuais como um todo no Brasil, isso não é diferente no caso das produções em realidade aumentada ou realidade virtual. E a segunda grande questão tem muito a ver com essa narrativa específica. São as especificidades tecnológicas necessárias para você finalizar uma obra em realidade virtual, porque, além da questão estética, de visual, cenários, personagens e todo esse tipo de coisa, você tem também uma questão de programação. No nosso caso, a experiência é interativa, então. como usuário, você precisa fazer algumas ações com o seu personagem para que a história continue. No caso de uma experiência que tem interatividade, ela recebe também linguagem de programação. Você precisa de um profissional específico para isso, precisa ter uma etapa de testes também pra ver se a experiência não está com algum problema, os bugs que a gente costuma dizer.

JC: Qual foi a primeira coisa que passou na sua cabeça quando soube da indicação a um dos maiores eventos cinematográficos?
FH: Primeiro é um misto, de muito orgulho, muita alegria e dever cumprido. Óbvio que sempre trabalha para atingir os mais altos pontos da nossa carreira e obviamente que o Festival de Veneza é um desses pontos. Ele [o festival] é muito grande, muito importante, é o mais antigo do mundo, mais tradicional, então, vivenciar isso aqui é uma experiência muito única e de poucos. É um privilégio realmente estar aqui, poder fazer parte de tudo isso. Dever cumprido porque é um reconhecimento que vem de fora, de um evento na acima de qualquer suspeita. Dentre centenas é de inscrições, é valor, reconhecer o valor no nosso trabalho e isso é muito forte e muito gratificante.

JC: Quais ferramentas foram utilizadas para a construção da obra?
FH: O trabalho na realidade virtual segue, em grande parte, as mesmas ferramentas que já são utilizadas, por exemplo, para fazer um trabalho de animação. O Márcio [Sal, diretor] utilizou das ferramentas digitais para a criação dos personagens do ponto de vista visual, e existe também uma camada a mais aí, que é de programação. A gente tem alguns softwares disponíveis no mercado para fazer isso, para finalizar esse processo. Mas, basicamente, ele é todo digital, porque nós não temos imagens gravadas com câmera. Então, eu diria que é uma animação em realidade virtual; então, ele foi totalmente feito dentro do ateliê do Márcio, inclusive, foi uma consequência da pandemia. Esse filme começou a ser feito ali na época do lockdown de Covid-19, dentro do seu estúdio, as maneiras com que ele poderia criar sem poder sair de casa.

JC: De que forma o Festival de Veneza abrilhanta o currículo de um produtor?
FH: Ele é visto pela comunidade internacional como um dos maiores festivais do planeta, ao lado de Cannes e de Berlim. Então, é um espaço de reconhecimento, de validação do nosso trabalho. É claro que você ter o seu nome oficialmente impresso no catálogo oficial, ter uma credencial para poder circular nesses espaços, fazer todo o procedimento de ter acesso à coletiva de imprensa, ao tapete vermelho e a todas essas coisas que acontecem com a gente, é simplesmente mágico. Você, acima de tudo, tem uma validação muito importante para a sua carreira. Da mesma forma como todas as profissões, você tem reconhecimento através de cursos e de prêmios. Na área do cinema e do audiovisual não poderia ser diferente, a gente tem esses grandes eventos que servem justamente para mostrar o que de melhor está sendo feito no mundo naquela respectiva área. Então, estar dentre esses trabalhos é vital para qualquer profissional, inclusive para um produtor de cinema.

JC: O que te motivou a sair da cidade natal para estudar cinema?
FH: Principalmente depois de assistir ao filme Titanic, me marcou tanto e em tantos níveis que eu decidi que eu queria fazer o mesmo dessa expressão humana. Estudei, fiz todo o ensino médio normalmente. Só que na época em Curitiba, a gente ainda não tinha, infelizmente, um curso superior na área do cinema especificamente. A FAP, por exemplo, que é a Faculdade de Artes do Paraná, ainda não existia, então falei com os meus pais. Eles sempre me deram todo o apoio necessário, mas não tinha condições, e meu pai sempre deixou claro que não haveria condições de ele pagar uma mensalidade particular e também minha mudança para outra cidade. Então ele falou, ‘filho, tenta buscar uma universidade pública que aí eu te ajudo’, e, na época, eram poucas opções. Basicamente a gente tinha, no Brasil, as faculdades de cinema públicas em Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro. E fui aprovado na Universidade Federal Fluminense e comecei o meu curso no ano de 2005. Mas, essa paixão foi o que sempre me moveu, sempre me motivou desde o início do processo. Depois trabalhei alguns anos na Globo, rede Globo e agora estou em São Paulo.

JC: Dentre todos os momentos de produção do curta, qual foi o mais marcante?
FH: Foi quando eu vi tudo pronto pela primeira vez. Porque, por causa da dinâmica da pandemia, o Márcio e o Leonardo [sobrenome, produtor] fizeram todo o trabalho de uma forma muito pessoal, muito solitária. Eu acabei vendo depois de muito tempo, e a expectativa fica alta porque você, como produtor, sempre quer que as coisas saiam da melhor forma possível. Ver a potencialidade das narrativas imersivas, da realidade virtual e desse novo mundo foi uma coisa incrível. É algo que muita gente ainda não conhece ou torce o nariz, mas a gente está tendo uma receptividade maravilhosa aqui [em Veneza], todas as vezes que alguém vem, se envolve e dança com personagens e emocionais é uma emoção grande.

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