Vitória dos movimentos sindicais dos jornalistas de todo o Brasil, isso porque o Ministro da Justiça Flávio Dino anunciou na última terça-feira (17) a criação do Observatório Nacional de Violência contra Jornalistas, que ficará responsável pela pasta do ministro. A decisão foi tomada junto ao Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Distrito Federal e Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji).
“O objetivo do observatório é monitorar os casos de ataques à categoria, mobilizando os órgãos competentes para coibir as agressões e responsabilizar os agressores, além de acompanhar as investigações dos crimes cometidos para identificação e responsabilização dos autores”, explicou Samira de Castro, presidente da Federação Nacional dos Jornalistas.
A medida já é um pedido antigo das entidades representantes da categoria, que sentiam faltam de um órgão oficial para monitorar as violências contra jornalistas, que durante os últimos anos tiveram aumento que chegou a quase 70%. A luta pra conquistar tal medida vem desde 2013, quando Fenaj e os sindicatos se mobilizaram para aprovar a medida.
Dados preocupantes
Segundo os dados mais recentes divulgados pela Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), o país registrar aumentos frequentes de violências contra jornalistas—no ano de 2021 foram 140 casos de censura no Brasil, segundo dados do relatório anual.
A entidade explicou que o aumento está ligado a presença do ex-presidente Jair Messias Bolsonaro (PL), que por diversas vezes fez ataques diretos e indiretos aos jornalistas, conforme o relatório divulgado no terceiro ano de governo do político. “à ação de seus auxiliares e apoiadores contra veículos de comunicação social e contra os jornalistas” foi também um dos pontos que aumentaram os casos de violência.
Ainda segundo a Federação, Bolsonaro participou de 129 episódios onde tentou descredibilizar a imprensa somente em 2021, quando usava termos como “a mídia mente o tempo todo”, “a mídia é uma fábrica de fake News” e “imprensa de merda.”
Com a medida aceita pelo ministro, demorou muito tempo para ser discutida e votada pelos órgãos responsáveis, mas deve trazer alguma mudança para as ocorrências envolvendo a categoria. “A violência contra a categoria atingiu níveis recordes nos últimos 4 anos e presenciamos um ataque organizado às sedes dos Três Poderes e à própria imprensa para conseguirmos, finalmente, debater essa iniciativa”, afirmou a presidente da Fenaj ao comemorar a medida.