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sábado, novembro 23, 2024

Carta pela democracia é lida na UEPG e provoca gritos de ‘Fora Bolsonaro’

A manifestação ocorreu no campus central da UEPG e teve participação de diversos populares e entidades sociais de todo o Paraná

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Ocorreu na noite de ontem (11) o ato “11A” no campus central da Universidade Estadual de Ponta Grossa onde entidades como Frente Nacional de Luta (FNL), União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES), Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MTST) entre diversas outras se manifestaram contrárias a reeleição de Jair Messias Bolsonaro (PL).

Representante do MTST falando ao microfone do evento | Imagem: Heryvelton Martins

O evento convocado pela Frente Ampla Democrática (FAD) contou com a leitura da Carta pela Democracia, que foi lançada no dia 26 de julho por juristas de São Paulo e pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP). Na carta, que também foi lida na noite de ontem em São Paulo (SP), é denunciado os riscos que o atual presidente causa ao país, isso pois ele ataca constantemente as instituições do estado brasileiro, informam os participantes.

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Representante da FNL falando ao microfone do evento | Imagem: Heryvelton Martins

Participantes do ato

O líder do movimento da Frente Nacional de Luta, Leandro Santos Dias, conversou com a equipe do Jornal Colabore e explicou que um ato como esse é de extrema importância para os ponta-grossenses. “A democracia é muito melhor que a ditadura! Entre governo ruim ou bom, o povo tem que escolher, pois estamos na democracia”, defendeu Leandro ao explicar que a FNL participa do ato. 

A estudante Camilli Miranda também esteve presente durante todo o evento e explicou que defende a democracia e se diz contrária às ações do governo federal na educação. “O momento é de resistência contra o Bolsonaro que quer destruir a educação brasileira. Temos que lutar para firmar o PROUNI e lutar pela democracia”, disse a estudante.

Já para Hebe Gonçalves, uma das coordenadoras do evento, existem diversas atitudes golpistas nas eleições de 2022 e o ato vem para lutar contra isso. “Historicamente as Urnas são seguras, mas Bolsonaro sempre ataca dizendo que não são. Já faz quatro anos que estamos sofrendo com descaso e a adesão de Ponta Grossa é muito importante e muito significativa”, definiu a professora de Jornalismo.

O evento encerrou com um momento cultural | Imagem: Heryvelton Martins

A carta já foi assinada por mais 800 mil pessoas na internet, número que vem crescendo a cada dia. Em Ponta Grossa, o evento foi simbólico, o que ocorreu em diversas cidades de todo o país. Confira a carta na íntegra:

“Em agosto de 1977, em meio às comemorações do sesquicentenário de fundação dos Cursos Jurídicos no País, o professor Goffredo da Silva Telles Junior, mestre de todos nós, no território livre do Largo de São Francisco, leu a Carta aos Brasileiros, na qual denunciava a ilegitimidade do então governo militar e o estado de exceção em que vivíamos. Conclamava também o restabelecimento do estado de direito e a convocação de uma Assembleia Nacional Constituinte.

 A semente plantada rendeu frutos. O Brasil superou a ditadura militar. A Assembleia Nacional Constituinte resgatou a legitimidade de nossas instituições, restabelecendo o estado democrático de direito com a prevalência do respeito aos direitos fundamentais.

 Temos os poderes da República, o Executivo, o Legislativo e o Judiciário, todos independentes, autônomos e com o compromisso de respeitar e zelar pela observância do pacto maior, a Constituição Federal.

 Sob o manto da Constituição Federal de 1988, prestes a completar seu 34º aniversário, passamos por eleições livres e periódicas, nas quais o debate político sobre os projetos para país sempre foi democrático, cabendo a decisão final à soberania popular.

 A lição de Goffredo está estampada em nossa Constituição “Todo poder emana do povo, que o exerce por meio de seus representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição”.

 Nossas eleições com o processo eletrônico de apuração têm servido de exemplo no mundo. Tivemos várias alternâncias de poder com respeito aos resultados das urnas e transição republicana de governo. As urnas eletrônicas revelaram-se seguras e confiáveis, assim como a Justiça Eleitoral.

 Nossa democracia cresceu e amadureceu, mas muito ainda há de ser feito. Vivemos em país de profundas desigualdades sociais, com carências em serviços públicos essenciais, como saúde, educação, habitação e segurança pública. Temos muito a caminhar no desenvolvimento das nossas potencialidades econômicas de forma sustentável. O Estado apresenta-se ineficiente diante dos seus inúmeros desafios. Pleitos por maior respeito e igualdade de condições em matéria de raça, gênero e orientação sexual ainda estão longe de ser atendidos com a devida plenitude.

Nos próximos dias, em meio a estes desafios, teremos o início da campanha eleitoral para a renovação dos mandatos dos legislativos e executivos estaduais e federais. Neste momento, deveríamos ter o ápice da democracia com a disputa entre os vários projetos políticos visando convencer o eleitorado da melhor proposta para os rumos do país nos próximos anos.

Ao invés de uma festa cívica, estamos passando por momento de imenso perigo para a normalidade democrática, risco às instituições da República e insinuações de desacato ao resultado das eleições.

Ataques infundados e desacompanhados de provas questionam a lisura do processo eleitoral e o estado democrático de direito tão duramente conquistado pela sociedade brasileira. São intoleráveis as ameaças aos demais poderes e setores da sociedade civil e a incitação à violência e à ruptura da ordem constitucional.

Assistimos recentemente a desvarios autoritários que puseram em risco a secular democracia norte-americana. Lá as tentativas de desestabilizar a democracia e a confiança do povo na lisura das eleições não tiveram êxito, aqui também não terão.

Nossa consciência cívica é muito maior do que imaginam os adversários da democracia. Sabemos deixar ao lado divergências menores em prol de algo muito maior, a defesa da ordem democrática.

Imbuídos do espírito cívico que lastreou a Carta aos Brasileiros de 1977 e reunidos no mesmo território livre do Largo de São Francisco, independentemente da preferência eleitoral ou partidária de cada um, clamamos as brasileiras e brasileiros a ficarem alertas na defesa da democracia e do respeito ao resultado das eleições.

No Brasil atual não há mais espaço para retrocessos autoritários. Ditadura e tortura pertencem ao passado. A solução dos imensos desafios da sociedade brasileira passa necessariamente pelo respeito ao resultado das eleições.

Em vigília cívica contra as tentativas de rupturas, bradamos de forma uníssona:

Estado Democrático de Direito Sempre!!!!”

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