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sábado, novembro 23, 2024

Ucrânia e a luta de um povo através do esporte

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78 anos depois, a partida que entraria para a história como um símbolo de resistência do povo ucraniano contra a invasão nazista sobre seu território marca a luta de uma nação contra as atrocidades de um inimigo poderoso

No dia 22 de junho de 1941, durante a chamada Operação Barbarossa, Adolf Hitler dava início a um de seus mais ambiciosos objetivos naquela guerra, conquistar a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, a URSS. Adolf Hitler era a principal figura do nazismo, que tinha como ideologia a superioridade da raça ariana sobre os outros povos. O nazismo também pregava o antissemitismo, o racismo, o anticomunismo e a eugenia, além do fim da democracia e do parlamentarismo.

A Ucrânia, um dos palcos do conflito, que posteriormente seria o grande palco do ‘jogo da morte’, via-se dominada pelas forças nazistas. O país, por ser membro da URSS, acabou cedendo grande parte de sua população para a tentativa falha de barrar a invasão de seu país. A população passou a viver sobre o comando do Terceiro Reich, e atividades esportivas, como o Futebol, foram proibidas de ocorrerem.

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É nesse contexto de invasão que surge o FC Start, time formado por ex jogadores do Dínamo de Kiev e do Locomotiv de Kiev. Como o campeonato ucraniano havia sido paralisado, competições amadoras começaram a surgir meses após a invasão com o objetivo de melhorar a imagem nazista diante dos ucranianos. Incentivado por Iosif Kordik, o ex-goleiro do Dínamo Mykola Trusevych passou a procurar ex companheiros de equipe para organizarem um time que pudesse disputar o campeonato amador. Trusevych atuava na padaria de Kordik. Ele havia passado meses em campos de concentrações nazistas de trabalho forçado, pois havia servido o Exército Vermelho durante a invasão e havia sido capturado pelas forças nazistas.

O Jogo

Em sua busca por ex jogadores, Trusevych reuniu parte dos seus antigos colegas de Dínamo, e completou a equipe com jogadores do rival de Kiev, o Locomotivo de Kiev. No dia 7 de junho, o FC Start (“começo” em português) fazia sua estreia sobre o Rukh, vencendo por 7 a 2.

Como a equipe vinha se destacando vencendo vários jogos por placares largos, inclusive jogos contra guarnições aliadas aos nazistas, o FC Start logo caiu nas graças do povo ucraniano, chamando a atenção do comando nazista. Com a intuição de mostrar a superioridade do “Povo Ariano”, a Luftwaffe (força aérea alemã) decidiu organizar uma partida contra o FC Start. Os nazistas tinham o Flakelf, time formado pela elite da Luftwaffe.

No primeiro confronto, ocorrido no dia 06/08/42, o FC Start derrotou o Flakelf pelo placar de 5×1, mostrando que o time de padeiros não temia a poderosa armada alemã. No segundo confronto, que aconteceu três dias após o primeiro (09/08), o FC Start voltou a derrotar os nazistas, desta vez pelo placar de 5×3, mesmo com ameaças diretas dos comandantes alemães exigindo a derrota do FC Start.

O PÓS-JOGO

Durante muito tempo foi perpetuada a lenda que os jogadores do FC Start haviam sido mortos ainda nos vestiários do jogo logo após o término da partida, o que não é verdade. A equipe ainda jogaria outra partida antes do seu fim. Semanas depois, sob acusações de fazerem parte da NKDV (o Ministério do Interior da URSS), os membros da equipe foram presos, torturados e mandados a campos de trabalho. Alguns membros, como o próprio Trusevych, foram mortos por acusação de espionagem, enquanto outros sobreviveram para perpetuar a real história sobre os ocorridos, como Makar Goncharenko.

A história do FC Starf ficou marcada como um símbolo de resistência na Segunda Guerra. O governo soviético popularizou o feito dos jogadores como um símbolo da força e da resistência soviética.

Nos dias atuais, há uma estatua no local onde ocorreu a partida. A obra é composta por um jogador nu chutando uma bola sobre uma águia, que era um dos símbolos nazistas. Há também duas produções cinematográficas sobre o ocorrido. A primeira e mais antiga é intitulada “Fuga para a Vitória”, interpretado por Silvestre Stallone, Pelé, Bob Moore e Michael Caine. O segundo filme é uma produção ucraniana chamada “Match” dirigida por Andrêi Maliukov.


Por Lucas Ribeiro (Repórter verificado) e revisado por Heryvelton Martins

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