A Polícia Federal (PF) deflagrou a quarta fase da Operação Última Milha com o objetivo de desarticular uma suposta organização criminosa envolvida em espionagem ilegal de autoridades públicas e jornalistas, conhecida como Abin Paralela. A investigação aponta que a estrutura produzia dossiês e notícias falsas visando obter ganhos políticos.
O ministro do STF, Alexandre de Moraes, relator do caso, atendeu ao pedido da PF e decretou a prisão de cinco investigados, além de autorizar afastamentos de função, buscas e compartilhamento de informações para apuração sobre o monitoramento ilegal. Após a divulgação do caso, Moraes tornou público sua decisão, a representação da PF e o parecer da Procuradoria-Geral da República (PGR).
A investigação da PF identificou uma organização criminosa que atuava em diferentes núcleos, elaborando dossiês contra ministros, parlamentares e outras pessoas com o intuito de disseminar narrativas falsas e incitar tentativas de golpe de Estado e enfraquecimento das instituições.
Dentre as autoridades monitoradas pela organização criminosa estão o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, o ex-presidente da Casa, Rodrigo Maia, o ex-governador de São Paulo, João Dória, e os ministros do STF Alexandre de Moraes, Dias Toffoli, Luis Roberto Barroso e Luiz Fux. Jornalistas, como a colunista da Folha de S.Paulo, Mônica Bergamo, também foram alvo dos acusados, segundo os investigadores.
A PF também aponta em seu relatório que houve uma “instrumentalização” da Abin para monitorar pessoas relacionadas às investigações envolvendo a família do ex-presidente Jair Bolsonaro. Em um dos casos, os investigados realizaram ações clandestinas na tentativa de encontrar informações comprometedoras sobre auditores da Receita Federal responsáveis por relatórios financeiros relacionados ao senador Flávio Bolsonaro.
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Além disso, as investigações identificaram a atuação do deputado federal Alexandre Ramagem, que chefiava a Abin durante o governo Bolsonaro, para abrir um procedimento administrativo contra os auditores da Receita Federal, com o objetivo de anular a investigação contra Flávio Bolsonaro e remover os servidores de seus cargos.
A PF aponta que os possíveis crimes cometidos incluem organização criminosa, tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito, interceptação clandestina de comunicações e invasão de dispositivo informático alheio.
A Procuradoria-Geral da República, em seu parecer sobre o caso, indicou que os elementos apresentados pela investigação apontam para a existência de uma organização que tinha como objetivo atacar o sistema republicano.