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sexta-feira, novembro 22, 2024

Filha de Carolina Maria de Jesus denuncia descaso com acervo da escritora

Acervo de Carolina Maria de Jesus está se deteriorando

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A filha da famosa escritora Carolina Maria de Jesus, Vera Eunice, denunciou ao portal Nós, Mulheres da Periferia que o acervo de obras escritas por sua mãe não está sendo preservado, pois a maior parte de seus escritos originais estão comprometidos devido ao mau estado de conservação. Alguns cadernos já não é possível ler trechos por estarem com manchas, fungos e rasgos.

Acervo de Carolina Maria de Jesus está se deteriorando / Foto: Divulgação

Grande parte do acervo deixado por Carolina Maria de Jesus está na cidade onde ela nasceu, em Sacramento, Minas Gerais. Os documentos foram deixados lá pela própria Vera Eunice, que doou o acervo à prefeitura, que se comprometeu a cuidar e preservar todo material. Quatro anos depois da doação, descobriu que os escritos de Carolina estavam nas mesmas caixas que havia deixado. Conversou novamente com membros da prefeitura, que prometeram tomar atitudes.

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“Colocaram dentro da cadeia onde minha mãe foi espancada”, afirmou Vera em entrevista ao Nós, Mulheres da Periferia. Além disso, a filha da escritora percebeu que algumas fotos de Carolina havia desaparecido. “Faltavam fotos da minha mãe, fotos minhas pequenininha, uma foto que minha mãe está com vestido de carnaval”, conta.

A doutora em Letras e integrante do conselho editorial criado pela editora Companhia das Letras para supervisionar a publicação de obras de Carolina Maria de Jesus, Amanda Crispim, ressalta que a falta de zelo com o acervo de Carolina prejudica a perpetuação de sua memória, restringindo o seu acesso a apenas um pequeno número de pessoas que pesquisam sobre a escritora.

“Quando eu chego num lugar e falo que a Carolina tem no mínimo 57 cadernos, e neles tem no mínimo oito romances, mais de 200 poemas, três peças teatrais, contos, textos humorísticos, canções, as pessoas me dizem: ‘Meu Deus, então eu não conheço nada de Carolina’. Então, conservar esse acervo e liberá-lo para o público é fundamental para que a gente conheça a Carolina e a literatura brasileira de fato”, diz.

Amanda ainda pontua que o descaso com os escritos de Carolina evidenciam um país racista, que não valoriza e preserva memórias negras. “Eu sempre me recordo de uma fala da Vera Eunice em que ela diz que queria que os livros de sua mãe estivessem guardados e seguros da mesma forma que os da Clarice Lispector estão”, recorda.

O secretário de Cultura de Sacramento, Luiz Carlos Testa Souza, afirmou ao Nós, Mulheres da Periferia que “tudo que foi pedido para fazer no acervo para conservação está sendo feito e há obras sendo restauradas”.

Com informações do Nós, Mulheres da Periferia

Texto publicado originalmente no Notícia Preta e reproduzido com autorização dos responsáveis
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