Após presidente Jair Bolsonaro (sem partido) revogar duas propostas que integravam o projeto ‘Programa de Proteção e Promoção da Saúde Menstrual’, negando a de distribuição gratuita de absorventes femininos para uma parcela da população e a inclusão de absorventes em cestas básicas distribuídas pelo Sisan (Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional), cerca de 5,6 milhões de mulheres acabaram prejudicadas.
Para a estudante de jornalismo da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), Maria Helena Denck Almeida, a rede pública de ensino tem uma falta grande em artigos de higiene básica e a situação piora para os estudantes que não possuem acesso a itens de higiene menstrual. “Muitas meninas utilizam panos, papel higiênico ou vão sujas, porque não tem como controlar, então isso acaba prejudicando elas de várias maneiras”, explica Maria Helena.
Para a diretora da União Paranaense Dos Estudantes (UPE), Quiara Camargo Dos Santos, vê a decisão de Bolsonaro como problemática. “É preciso olhar para as pessoas que menstruam, enxergar essa realidade. Existe essa visão de que pessoas com útero podem deixar de frequentar a escola”, aponta a diretora.
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Segundo Bolsonaro, os absorventes não constam na lista de medicamentos essenciais e por ser algo destinado a um público específico, não atenderia à questão da universalidade de acesso.
Dados nacionais
No Brasil, 1 em cada 4 meninas já faltou à escola por falta de condições para comprar os produtos de higiene básica, segundo o levantamento realizado pela Unicef em conjunto com o Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA). Esse estudo levou em conta o relato de 1.124 mulheres, na faixa etária dos 16 aos 29 anos.
O levantamento também revelou que 50% das mulheres entrevistadas, já tiveram que usar papel higiênico no lugar dos absorventes, o que pode causar infecções e até lesões.