O estado do Paraná registrou 2.849 processos judiciais relacionados a questões de cartão de crédito entre janeiro e setembro de 2024, uma média de 10 novos casos por dia. O levantamento, feito com base em dados do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), aponta que, mesmo com uma queda de 8,90% no total de ações entre 2022 e 2023, o volume de litígios envolvendo cartões de crédito permanece elevado no estado.
Segundo especialistas ouvidos pelo Jornal Colabore, o cenário econômico atual, com altas taxas de juros e aumento do custo de vida, leva muitos consumidores a utilizar o cartão de crédito como alternativa para financiar despesas essenciais. No entanto, a inadimplência crescente resulta em mais ações judiciais movidas pelas operadoras de cartão de crédito.
“O cartão de crédito pode ser um catalisador para o endividamento da população, especialmente devido às altas taxas de juros do crédito rotativo e à falta de educação financeira. Além disso, a facilidade das compras online e o consumo impulsivo são fatores que agravam a situação”, explica João Valença, consumerista do VLV Advogados.
As principais reclamações dos consumidores envolvem cobranças indevidas ou duplicadas, falhas no estorno de valores e problemas relacionados à segurança, como fraudes e clonagem dos cartões. A falta de suporte e a inflexibilidade das operadoras de crédito também são pontos de atrito.
Para evitar problemas, os especialistas recomendam que os consumidores monitorem suas transações regularmente, verifiquem as condições de uso e contratos, e protejam seus dados pessoais. Em caso de cobranças indevidas, é essencial entrar em contato imediato com a operadora e, se necessário, registrar uma reclamação no Procon ou utilizar plataformas como o Consumidor.gov.br.
Leia também: Débito ou crédito? PG moderniza pagamento do transporte coletivo
“A educação financeira, a conscientização sobre os riscos do endividamento e a adoção de hábitos mais cautelosos são medidas essenciais para evitar problemas com as operadoras de crédito. Além disso, os consumidores têm à sua disposição recursos legais e institucionais que podem ser acionados para garantir a resolução das disputas de forma justa e rápida”, conclui a advogada Mayra Sampaio.